Os Efeitos da Mastite na Bovinocultura Leiteira

Entenda suas principais implicações e como prevenir sua incidência no sistema de produção. 

 

 Autoras: Lavinya Paula da Silva e Maria Eduarda Lins

Fonte: Istockphoto

  A pecuária leiteira enfrenta desafios frequentes relacionados à mastite, uma das principais doenças que acomete os rebanhos leiteiros e que impacta diretamente na produção e qualidade do leite, e na lucratividade do produtor.

A mastite é uma inflamação da glândula mamária, sendo as bactérias os principais agentes da infecção. É a doença que mais ocasiona perdas econômicas e redução da produção de leite em todo mundo, gerando gastos com medicamentos, assistência técnica, além do descarte de leite e de vacas, e isso se dá devido à alta incidência de casos clínicos e infecções não perceptíveis a olho nu (infecções subclínicas). 

A chave para um controle efetivo da mastite está na biosseguridade e em um bom planejamento sanitário. Ao seguir parâmetros na saúde da glândula mamária; fornecer ambiente limpo e confortável; realizar a manutenção e limpeza dos equipamentos de ordenha; coletar dados individuais de CCS (contagem de células somáticas) e casos clínicos; além disso, providenciar tratamento eficaz dos casos identificados tal como a segregação desses do restante do rebanho, para que o leite contaminado não se misture ao restante são formas de contribuirmos para esse controle.

Prevenimos a mastite sobretudo ao realizar o manejo correto de ordenha: realizando teste da caneca de fundo preto, desinfecção dos tetos antes da ordenha (pré dipping), secagem dos tetos com papel toalha descartável, colocação das unidades de ordenha evitando entrada excessiva de ar, desinfecção dos tetos após a ordenha (pós dipping) e finalizando com a limpeza cuidadosa da ordenhadeira.

 

   Outro ponto importante para o controle da mastite está na coleta individual da cultura microbiológica do rebanho, que consiste na análise de amostras de leite realizada na propriedade, podendo ser feita pelo produtor desde que seja capacitado tecnicamente. De forma geral, utilizam kits comerciais desenvolvidos para avaliação do padrão de crescimento microbiológico e na tomada de decisão sobre utilizar ou não antimicrobianos ou optar pelo descarte do animal. De acordo com o kit utilizado, é possível determinar a presença de algumas espécies de bactérias importantes, como Staphylococcus aureus, de forma rápida (após 24 horas) e acurada. Desta forma, a decisão sobre o tratamento ideal consiste na avaliação de grupos específicos de agentes, como por exemplo, a presença de coliformes (Gram-negativos), permitindo que a escolha do princípio ativo a ser utilizado seja menos empírica. Cabe ressaltar que, a cultura na fazenda não contempla a realização de testes de suscetibilidade aos antimicrobianos, sendo estes realizados em laboratórios especializados. Desta forma, as principais vantagens deste sistema consistem na rapidez e praticidade do diagnóstico, bem como na possibilidade de tratamento seletivo através do monitoramento microbiológico na própria fazenda.

A cultura microbiológica auxilia em casos de mastite clínica reduzindo em cerca de 50% o uso de antibióticos para tratamento de mastite clínica, e consequentemente, o descarte de leite que seria feito após o uso desses antibióticos; aumentando a eficiência dos protocolos de tratamento, por conhecer a bactéria que está causando a mastite; e reduzindo o risco do aumento da resistência bacteriana resultante do uso imprudente de antibióticos.

Já na mastite subclínica, auxilia identificando rapidamente as vacas infectadas por bactérias contagiosas, por meio da cultura do leite de vacas pós-parto ou de vacas com alta CCS; avaliando a eficiência da terapia de secagem; identificando o perfil etiológico da mastite e os potenciais fatores de risco para as infecções do rebanho; além das vacas para tratamento com antibióticos e vacas com patógenos que não respondem a antibioticoterapia; e definindo o protocolo de secagem das vacas baseado no resultado da cultura microbiológica.

Observamos dessa forma que investir em cultura microbiológica é uma maneira eficaz de se precaver contra o aumento da incidência de mastite na propriedade, evitando assim os prejuízos acima citados. Concluímos também que o planejamento e as medidas a serem tomadas devem já estar pré-definidas para minimizar o tempo de permanência da doença e acelerar seu solucionamento.

Na Vital Jr. te ajudamos com essas e muitas outras adversidades que possam vir a surgir em sua  propriedade, não hesite em nos contatar.